Do que se trata a FAMIGERADA AUTOESTIMA?
- Pris Lo
- 29 de ago. de 2023
- 4 min de leitura
Tô aqui colocando minha carinha maquiada, com uma luz que favoreceu meus traços pra falar de um assunto que pra mim é muito importante de se pensar: A FAMIGERADA AUTOESTIMA.

Eu me produzi por 2 horas pra ficar assim. Mas não me acho bonita só assim. E também não é me achar bonita que eleva minha autoestima. Eu adoro trabalhar com roupas confortáveis, faço vários conteúdos descabelada, adoro ter a liberdade de ser natural, sem produção. E acho bonito isso também, além de ser uma gentileza comigo.
Nos últimos anos, muitas situações e atitudes minhas me colocaram numa jornada de autoconhecimento que me trouxe muito mais reflexão e pensamento crítico sobre mim e sobre as coisas.
Uma dessas coisas é a AUTOESTIMA que tanto se fala - e buscam.
Eu fico triste ao ver o termo AUTOESTIMA sendo relacionado com beleza estética padrão. Além de ser um desserviço, pois estimula as pessoas a desejarem uma satisfação existencial através da busca incessante de se encaixar nos padrões estéticos, deixando de lado o mais importante: se conhecer.
Também boicota a evolução, encaminhando pra um objetivo que é quase impossível alcançar e faz perder tempo com procedimentos estéticos desnecessários, como malhação em excesso, dietas mirabolantes, enquanto poderia estar lendo um livro, degustando um chocolate, trocando ideia com alguém interessante, fazendo algo de útil pra vida de quem te rodeia, alargando sua alma com alguma prática filosófica ou religiosa, entre tantas outras coisas que a vida é.
Longe de mim condenar quem cuida da saúde (inclusive apoio). Também não vim fazer juízo de valores, e sim levantar a bola sobre esse assunto, ainda mais aqui, na internet, onde rola muita comparação, competição ("as inimigas me odeiam porque sou bonita"), edições e informações distorcidas. A autoestima deveria ser mais uma ferramenta de COLABORAÇÃO do que de COMPETIÇÃO. Principalmente entre as mulheres. Achar legal que alguém tenha inveja porque você se encaixa nos padrões estéticos, me parece imaturo.
Se te apetece o assunto, confira o texto que escrevi, colocando A MINHA opinião sobre como é vista a autoestima para a maioria das pessoas.
O termo AUTOESTIMA significa 'se estimar'. E se estimar é se respeitar, se gostar, se cuidar, se admirar.
Portanto, ter uma autoestima elevada não está relacionada com a estética, mas sim com autoconhecimento e autocuidado.
Minha autoestima não é elevada o tempo todo, pois é natural que a gente se sinta triste, com raiva, desmotivado... Mas, lidar com esses estímulos invés de evitá-los nos ensina muito sobre a vida e sobre nós. Sobre o quanto podemos suportar e porquê.
Você gosta da sua companhia? Você se admira? Você agradece ao seu corpo por te aguentar e te levar para lugares e te proporcionar experiências? Você tem consciência que você tem uma mente? Você tem consciência corporal? Você se vê como um ser humano? Você é honesto(a) com você nas suas atitudes e na forma como se relaciona com as pessoas?
Porque, se você não tem consciência do seu ser mental, emocional e físico, você provavelmente vai mirar num objetivo X e vai andar pelo caminho Y.
Sabemos que somos moldados pela cultura, pelo lugar e pelas pessoas onde estamos inseridos. Afetamos e somos afetados o tempo inteiro. Desconstruir quem a gente acha que é pra construir quem queremos ser, exige atenção, auto-observação, conhecimento, espírito de busca e coragem.
Senão, passaremos a vida buscando uma satisfação existencial no caminho errado.
Sem autoconhecimento não tem autocuidado. Sem autoconhecimento passaremos a vida buscando a validação de quem somos no outro e não em nós mesmos. Nos colocaremos em situações que nos fazem sofrer. Passaremos a vida vulneráveis demais ao que pensam de nós. E só a gente tá com a gente o tempo todo.
O autoconhecimento, além de trazer força, sabedoria, contentamento, maturidade e amor próprio, também nos ajuda a entender quem nos rodeia. Se somos honestos com nossas atitudes e emoções, se compreendemos mais nosso ser complexo e maravilhoso, passamos a entender os outros com mais compaixão, compreendendo que todos somos complexos e que muitas pessoas ainda são reféns de si mesmos, como nós também fomos (ou somos).
A beleza padrão definitivamente não traz felicidade, muito menos autoestima. Tem muita gente "linda" por aí sofrendo com inseguranças, transtornos, se sentindo perdidas, fracas, sem controle da própria vida. Os elogios podem nos deixar arrogantes, a prosperidade pode diminuir nossa empatia com quem sofre, a validação dos que pouco te conhecem não vai ser igual a validação de quem mais te conhece (ou deveria conhecer): você mesmo.
Portanto, não deixe sua vida na mão das pessoas ou do sistema. Se procure, se compreenda, se cuide, se respeite como ser único. Porque cada um é um. E o nosso comportamento deve ser pautado nos nossos valores éticos e não nas atitudes e nos afetos que nos rodeiam.
Hoje me conheço muito mais que antes, e sei que ainda tenho muito o que me conhecer. Essa jornada do autoconhecimento é infinita. Se abrirmos o olhar, se trabalharmos a humildade, se alimentarmos nosso espírito de busca pra sermos cada vez melhores pra nós e para os outros, com certeza, sentiremos uma satisfação de existência e nossas trocas e experiências serão muito mais enriquecedoras e úteis.
Pra mim, beleza é o brilho no olho, é o riso largo, é gente que inspira, é gente que ensina e aprende junto, é conteúdo que aumenta a troca...
Lembrando que, o que faz você ser eterno é a forma como lida com as pessoas e com a vida, e não sua cara bonita que um dia vai se enrugar. A beleza padrão acaba, mas a beleza de dentro, que toca sem precisar falar, essa aí meus queridos, é eterna. E todos temos esse potencial de sermos eternos pro mundo e para as pessoas.
Isso fez sentido pra você?




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